A cultura não pode continuar a ser o parente pobre da governação. Os Açores necessitam de uma verdadeira política cultural, que traga a bordo os seus agentes, que esteja articulada com o sistema educativo e que se assuma inclusive como uma ativo turístico para a região. Ação desenvolvida hoje em Ponta Delgada.
sábado, 29 de agosto de 2015
terça-feira, 25 de agosto de 2015
"É a economia, estúpido!", por Tiago Franco
Temos o péssimo hábito de apagar da discussão pública temas que deixam de fazer manchete nos jornais. De entre os vários que se arrastam, e são muitos, há um que me deixa absolutamente sem palavras. Refiro-me ao BES.
Em Outubro votaremos em eleições nacionais e, como tal, devemos não esquecer que os deputados eleitos pelo círculo dos Açores, para além da defesa dos interesses da Região, terão também um papel importante nas decisões que afectam a vida da República.
O BES é um tema nacional e, pelo que vou observando, com uma actualidade infelizmente permanente. O tema já foi discutido várias vezes do ponto de vista dos contribuintes. Da injustiça (para ser meigo na adjectivação) que foi tapar com o erário público o esquema fraudulento que resultou na falência do BES.
Hoje, contudo, quero abordar o tema na perspectiva dos que foram directamente lesados nos seus depósitos e investimentos.
Um jornalista aproxima-se de umas dezenas de pessoas que se manifestavam em frente à sede. Muitos deles emigrantes com décadas de trabalho convertidos em depósitos no BES e que, de um dia para o outro, ficaram sem nada. Um deles diz que tinha 150 000 euros antes do colapso, outro dizia que tinha lá 45 anos de trabalho em França. Ambos ficaram sem nada. Eu ouvia aquilo e perguntava-me, como é possível?
Durante os anos do capitalismo selvagem tentaram passar a mensagem dos mercados, das bolsas, das inevitabilidades da economia. Tudo entidades sagradas e ciências complexas que o comum dos mortais não consegue entender. Limitamo-nos a aceitar porque não percebemos as regras.
Mas não há aqui qualquer mistério. Os mercados são instituições (bancos, seguradoras, financeiras) que emprestam dinheiro e cobram juros altíssimos. A bolsa é uma espécie de mercado do oxigénio, onde não se produz nada e se geram lucros com base em especulação. São os filhos do capitalismo e com reguladores incompetentes, como é o caso do Banco de Portugal, são a receita certa para a catástrofe. Os EUA já passaram por isso (várias vezes), a Europa também e a China está a ganhar-lhe o gosto agora. O sistema está podre.
Há também quem defenda que o investidor tem que perceber os riscos das aplicações de alto rendimento e por aí fora. A pergunta aqui é : se um emigrante em França coloca o seu dinheiro num banco (que por acaso era o maior banco privado português!) que promete retorno de X% e isso, por qualquer razão é uma impossibilidade matemática ou caminho para o abismo, para que serve então o Banco de Portugal? E como pode o governo de uma nação que se diz justa, permitir que depositários fiquem sem as poupanças de uma vida ? Como pode esta gente não ter defesa e estar só?
Ricardo Salgado antes do colapso transferiu 1800 milhões de euros para a família. A mesma família que continua dona de uma fortuna enorme, com bens e imóveis. Pergunto: fez o governo alguma coisa para ajudar os lesados? Não, não fez. Se existisse vontade política, a primeira coisa que teriam feito era confiscar todos os bens dos autores das fraudes e minimizar o prejuízo dos clientes. E isto é válido para BPN, BPP e BES, bem como para PS, PSD e CDS.
O problema é que estes bancos, os chamados bancos do regime, ofereceram vastos lucros ao longo dos anos à classe política que lidera os destinos de Portugal desde os anos 80. E entre amigos ninguém se zanga. Ricardo Salgado cai em desgraça mas faz-se o possível para que não perca tudo e, acima de tudo, não abra a boca.
Quem trabalhou uma vida inteira e ficou sem nada, é o chamado dano colateral de um regime que se perpetua numa teia de interesses e compadrios.
A mudança deve chegar nas legislativas de Outubro e, a meu ver, o primeiro passo é garantir que pessoas exteriores a este grupo de bons amigos, chegam à Assembleia da República.
Tiago Franco
Candidato do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores
Entrega da Lista pelos Açores do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR
A lista do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelo círculo Açores foi ontem entregue no Tribunal de Ponta Delgada. A mandatária pelos Açores, Fernanda Carvalho, e os candidatos Florbela Carmo e João Ricardo Vasconcelos formalizaram assim a primeira candidatura do L/TDA pela região. É Tempo de Avançar!
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
"Encontrar a Minha Voz... E Nela a Voz de Muitos Outros", por Alexandra Ávila Trindade
Assumir-me enquanto cidadã comprometida com um movimento político não é para mim tarefa fácil. Cresci num ambiente naturalmente político, considerando aquele que é para mim o verdadeiro sentido da palavra, a reflexão e discussão dos assuntos públicos.
Desde muito jovens que os meus pais se assumiram como pessoas de pensamento crítico e progressista e sem receio de fazerem ouvir as suas vozes dissidentes e de contrapoder. Mais tarde, cada um na sua profissão e em casa connosco, continuaram a preconizar os seus princípios humanistas, de respeito pelo próximo, pela diferença e de luta contra as injustiças e contra as desigualdades que tiram a tanta gente a possibilidade de sequer sonhar com um futuro melhor.
A minha mãe, que começou a sua carreira de professora como missionária em Angola, fez da profissão a sua missão e escolheu sempre as realidades que aos nossos olhos eram as mais difíceis e aos olhos dela as que lhe davam as maiores alegrias. Ergueu sempre bem alto a sua voz em defesa daqueles que considerava grandes seres humanos e que eram deliberadamente esquecidos por todos e só considerados em época de eleições. Fez sua a luta daqueles que não sabiam ou tinham desistido de lutar. O meu pai ensinou-me a importância da isenção, quando se quer tratar com rigor questões que ao domínio público dizem respeito. Essa sua prática quase exagerada (aos meus olhos) da isenção jornalística e o seu sentido de ética profissional trouxeram-lhe muitas vezes momentos amargos, por trazer à luz da notícia e das reportagens questões sociais motivadas por falta de responsabilidade política que os governantes queriam que se mantivessem na obscuridade. Mas ser rigoroso é isso mesmo, é nunca temer a verdade, por mais que ela incomode quem quer que seja.
Pode parecer demasiado egocêntrica esta nota autobiográfica, mas este artigo constitui para mim uma espécie de catarse. Dando a conhecer as minhas motivações, compreendo melhor as minhas escolhas e deixo ao critério de quem me lê a seriedade da minha opção política. Sempre funcionei melhor ao nível da racionalidade emocional. Razão e emoção têm de caminhar lado a lado. Se assim não for, perde-se a humanidade. E foi este sentido humanista que encontrei na candidatura Livre/Tempo de Avançar. Foi com toda a certeza esta a razão maior que me fez dar este passo e assumir-me como cidadã que se quer envolver politicamente com o seu país. Finalmente um movimento cidadão que sente o pulsar das pessoas e que faz delas o seu motor. Finalmente uma discussão de realidades e de objectivos de ação livres de uma máquina partidária que põe os seus interesses à frente do interesse público.
Estou disposta a comprometer-me, estou disposta a encontrar na minha voz a voz de muitos outros e de a levantar bem alto por todos... até porque quero um país em muitas coisas bem diferente para os meus filhos.
Desde muito jovens que os meus pais se assumiram como pessoas de pensamento crítico e progressista e sem receio de fazerem ouvir as suas vozes dissidentes e de contrapoder. Mais tarde, cada um na sua profissão e em casa connosco, continuaram a preconizar os seus princípios humanistas, de respeito pelo próximo, pela diferença e de luta contra as injustiças e contra as desigualdades que tiram a tanta gente a possibilidade de sequer sonhar com um futuro melhor.
A minha mãe, que começou a sua carreira de professora como missionária em Angola, fez da profissão a sua missão e escolheu sempre as realidades que aos nossos olhos eram as mais difíceis e aos olhos dela as que lhe davam as maiores alegrias. Ergueu sempre bem alto a sua voz em defesa daqueles que considerava grandes seres humanos e que eram deliberadamente esquecidos por todos e só considerados em época de eleições. Fez sua a luta daqueles que não sabiam ou tinham desistido de lutar. O meu pai ensinou-me a importância da isenção, quando se quer tratar com rigor questões que ao domínio público dizem respeito. Essa sua prática quase exagerada (aos meus olhos) da isenção jornalística e o seu sentido de ética profissional trouxeram-lhe muitas vezes momentos amargos, por trazer à luz da notícia e das reportagens questões sociais motivadas por falta de responsabilidade política que os governantes queriam que se mantivessem na obscuridade. Mas ser rigoroso é isso mesmo, é nunca temer a verdade, por mais que ela incomode quem quer que seja.
Pode parecer demasiado egocêntrica esta nota autobiográfica, mas este artigo constitui para mim uma espécie de catarse. Dando a conhecer as minhas motivações, compreendo melhor as minhas escolhas e deixo ao critério de quem me lê a seriedade da minha opção política. Sempre funcionei melhor ao nível da racionalidade emocional. Razão e emoção têm de caminhar lado a lado. Se assim não for, perde-se a humanidade. E foi este sentido humanista que encontrei na candidatura Livre/Tempo de Avançar. Foi com toda a certeza esta a razão maior que me fez dar este passo e assumir-me como cidadã que se quer envolver politicamente com o seu país. Finalmente um movimento cidadão que sente o pulsar das pessoas e que faz delas o seu motor. Finalmente uma discussão de realidades e de objectivos de ação livres de uma máquina partidária que põe os seus interesses à frente do interesse público.
Estou disposta a comprometer-me, estou disposta a encontrar na minha voz a voz de muitos outros e de a levantar bem alto por todos... até porque quero um país em muitas coisas bem diferente para os meus filhos.
Alexandra Ávila Trindade
Candidata do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores
terça-feira, 18 de agosto de 2015
"Que tipo de turismo queremos?", por Tiago Franco
O turismo sempre foi um dos temas quentes da realidade açoriana. É, na minha opinião, uma das grandes alavancas económicas da região e com potencial para assumir um papel ainda mais importante. A discussão em torno do tema “que tipo de turismo queremos?” é pertinente e as escolhas feitas agora podem alterar consideravelmente as ilhas como hoje as conhecemos.
A Região Autónoma dos Açores é uma das regiões mais pobres do país e com uma elevada taxa de desemprego. Este ano, à boleia das novas ligações aéreas, o fluxo de turistas aumentou consideravelmente, a taxa de ocupação nos hotéis também e em consequência disso gerou-se mais emprego, como mostram as estatísticas referentes a junho de 2015. Resta pois saber (teremos esses dados na época baixa) se este é um emprego temporário, como acontece noutras zonas turísticas do país (Algarve e Madeira), ou se estamos perante um crescimento real e sustentado.
Os Açores estão entre os melhores destinos de natureza do mundo. Visto e reconhecido por vários organismos/media da especialidade. Significa isto que a região oferece a quem a visita as suas raízes, o que já lá estava antes de qualquer massificação humana. Este é o tipo de turismo que interessa e que faz sentido. É essa a minha convicção. Podemos ver a destruição causada pelo turismo de massas noutras zonas do país onde as selvas urbanas se apoderaram das zonas costeiras.
Passa por aqui a primeira escolha num momento em que os turistas começam a chegar em grande número. Não devemos ceder à tentação de alterar a paisagem e deixar o cimento vencer a troco de camas de hotéis. Há um equilíbrio que se pode e deve atingir. Por outro lado, o turismo representa também uma oportunidade para o empreendedorismo dos locais. Entre dormidas, gastronomia local e dicas de quem lá vive, deve ser este turismo de proximidade que se deve procurar e não as grandes e impessoais cadeias hoteleiras, desfasadas da realidade local.
Outro detalhe que convém não esquecer, apesar de todos sabermos que metade da população se concentra em são Miguel, é que a região tem nove ilhas. Não oferecem todas o mesmo, não terão todas o mesmo interesse para quem visita os Açores, mas todos devemos fazer o possível para que as pessoas tenham pelo menos a possibilidade de pensar se as querem visitar ou não. Uma das formas é garantir que as campanhas de turismo não se limitam a apresentar uma ou duas ilhas, outra, igualmente importante, é divulgar os reencaminhamentos grátis de forma mais eficaz, coisa que neste momento não acontece.
Estamos perante uma oportunidade de ouro para a região. Devemos manter o caminho de oferecer as belezas naturais, procurar qualidade e não quantidade, crescer de forma sustentada e tentar que este benefício económico seja aproveitado por um maior número de ilhas.
Tiago Franco
Candidato do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores
sábado, 15 de agosto de 2015
Entrevista ao Diário Insular por Pedro Alves
Entrevista ao cabeça-de-lista Pedro Alves publicada no Diário Insular de 15 de Agosto.
Diário Insular - Quais as principais propostas da candidatura do “Livre/Tempo de Avançar” à Assembleia da República para os Açores?
Pedro Alves - Esta pergunta é frequente nos Açores, mas devo salientar que em Outubro vamos eleger deputados à Assembleia da República. Um deputado eleito representará o país e não apenas os Açores. O debate político honesto deverá incidir na realidade do país. Claro que compreendo que é fácil ceder à tentação do regionalismo, sobretudo aqui onde temos uma forte identidade açoriana. É muito tentador sem dúvida, em tempo de eleições legislativas prometer mundos e fundos a todos os açorianos, passear por associações e instituições, empresas e cooperativas, com todo o tipo de discursos e preocupações de quem nos vai salvar a todos. Mas não estamos a falar de eleições regionais. Nesse tempo, será fundamental discutir programas para os Açores. Agora, o recurso ao discurso de salvadores dos Açores parece uma escolha de campanha fácil, mas enganosa, que entre outras coisas pretende evitar o embaraço de debater as posições dos respetivos partidos a nível nacional. Conhecemos o caso de candidatos que tiveram de assinar um acordo onde se comprometem a alinhar-se com as decisões do partido nacional, sob pena de abdicarem do cargo. Como se pode falar de propostas regionais nestes casos? O Livre/Tempo de Avançar (L/TDA) rege-se pela Agenda Inadiável, criada por cidadãos e subscritores do movimento e que define 10 prioridades para o desenvolvimento do país como: renegociar a dívida, criar mecanismos de resgata para pessoas e empresas e libertar o estado da captura privada (suspendendo e revendo as privatizações feitas até ao momento). A Agenda Inadiável pode ser consulta na íntegra no site do L/TDA. É crucial ir além da lógica Açores contra Lisboa. Não se pode construir um futuro nesta constante luta de interesses, deve antes criar-se um alinhamento de interesses e legislar e governar no sentido de potenciar a satisfação das necessidades de ambas as partes. Dou um exemplo, a questão da mineração do fundo do mar dos Açores, pouco ou nada discutida. Uma vez que se inicie a exploração do fundo do mar, o impacto ambiental negativo afetará não só a região como todo o país. Este tema deve ser discutido a nível regional mas também a nível nacional, o interesse é comum, o mar é uma das maiores riquezas do país, não podemos permitir que uma empresa estrangeira destrua esta riqueza. É fácil fazer a política da promessa, mas é necessário coragem para fazer política honesta. Ilusões podem trazer votos, mas não melhoram o país.
Pedro Alves - Esta pergunta é frequente nos Açores, mas devo salientar que em Outubro vamos eleger deputados à Assembleia da República. Um deputado eleito representará o país e não apenas os Açores. O debate político honesto deverá incidir na realidade do país. Claro que compreendo que é fácil ceder à tentação do regionalismo, sobretudo aqui onde temos uma forte identidade açoriana. É muito tentador sem dúvida, em tempo de eleições legislativas prometer mundos e fundos a todos os açorianos, passear por associações e instituições, empresas e cooperativas, com todo o tipo de discursos e preocupações de quem nos vai salvar a todos. Mas não estamos a falar de eleições regionais. Nesse tempo, será fundamental discutir programas para os Açores. Agora, o recurso ao discurso de salvadores dos Açores parece uma escolha de campanha fácil, mas enganosa, que entre outras coisas pretende evitar o embaraço de debater as posições dos respetivos partidos a nível nacional. Conhecemos o caso de candidatos que tiveram de assinar um acordo onde se comprometem a alinhar-se com as decisões do partido nacional, sob pena de abdicarem do cargo. Como se pode falar de propostas regionais nestes casos? O Livre/Tempo de Avançar (L/TDA) rege-se pela Agenda Inadiável, criada por cidadãos e subscritores do movimento e que define 10 prioridades para o desenvolvimento do país como: renegociar a dívida, criar mecanismos de resgata para pessoas e empresas e libertar o estado da captura privada (suspendendo e revendo as privatizações feitas até ao momento). A Agenda Inadiável pode ser consulta na íntegra no site do L/TDA. É crucial ir além da lógica Açores contra Lisboa. Não se pode construir um futuro nesta constante luta de interesses, deve antes criar-se um alinhamento de interesses e legislar e governar no sentido de potenciar a satisfação das necessidades de ambas as partes. Dou um exemplo, a questão da mineração do fundo do mar dos Açores, pouco ou nada discutida. Uma vez que se inicie a exploração do fundo do mar, o impacto ambiental negativo afetará não só a região como todo o país. Este tema deve ser discutido a nível regional mas também a nível nacional, o interesse é comum, o mar é uma das maiores riquezas do país, não podemos permitir que uma empresa estrangeira destrua esta riqueza. É fácil fazer a política da promessa, mas é necessário coragem para fazer política honesta. Ilusões podem trazer votos, mas não melhoram o país.
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Apresentação dos candidatos em Ponta Delgada a 21 de Julho |
DI - O que é para a vossa candidatura um bom resultado, nos Açores, nas eleições legislativas?
PA - O maior objetivo é a eleição de um deputado pelo círculo dos Açores. Porém, a nossa motivação não é apenas essa. Pretendemos renovar o debate político, e o modo de fazer política. Relembro que os candidatos pelo L/TDA são cidadãos e cidadãs que se apresentaram a uma eleição primária aberta à votação de todos (subscritores ou não), sendo seriados pelo número de votos e tendo em conta a paridade de género. Daqui resulta que, sendo candidatos Livres, sem interesses ocultos, nem representando lobbies, temos a liberdade de consciência e a independência que nos permite corajosamente trabalhar em prol do bem-estar de todos. Pretendemos ser um exemplo de uma política transparente, realmente democrática e acima de tudo honesta.
PA - O maior objetivo é a eleição de um deputado pelo círculo dos Açores. Porém, a nossa motivação não é apenas essa. Pretendemos renovar o debate político, e o modo de fazer política. Relembro que os candidatos pelo L/TDA são cidadãos e cidadãs que se apresentaram a uma eleição primária aberta à votação de todos (subscritores ou não), sendo seriados pelo número de votos e tendo em conta a paridade de género. Daqui resulta que, sendo candidatos Livres, sem interesses ocultos, nem representando lobbies, temos a liberdade de consciência e a independência que nos permite corajosamente trabalhar em prol do bem-estar de todos. Pretendemos ser um exemplo de uma política transparente, realmente democrática e acima de tudo honesta.
DI - Estamos numa altura em que volta a estar na agenda a necessidade de reformar a Autonomia. Qual o vosso compromisso para a discussão deste tema no parlamento nacional?
PA - Este discurso em tempo de eleições pretende acordar o espírito de orgulho açoriano. É fácil convencer as pessoas a votar num partido que enaltece e defende a glória da Autonomia. Mas falamos de que Autonomia? Será Autonomia quando existe uma enorme dependência de fundos de financiamento externos para as grandes obras, para a criação de emprego e para manter viva a economia? Bastaria fechar a torneira de Bruxelas por uns meses para se ter noção da consistência da Autonomia açoriana. Manda quem paga, quem financia é quem governa. Sim, a região deve ter muito mais Autonomia, deveria até ter a soberania de um país. Mas como sabemos, já nem na zona Euro existe soberania nacional. A Autonomia, ou melhor, a verdadeira independência dos Açores só será conquistada com base na independência financeira. Só quando a região gerar a sua riqueza, e existir financeiramente sem depender de subsídios para viabilizar as exportações e a criação de emprego, poderemos realmente falar em Autonomia. Até lá, temos a Autonomia da criança, que decide se come pão com queijo ou com fiambre, mas são os pais que decidem que é pão com queijo ou com fiambre e não outra comida qualquer. O nosso compromisso é de participar e alertar para a urgência de tornar sustentável a economia açoriana.
PA - Este discurso em tempo de eleições pretende acordar o espírito de orgulho açoriano. É fácil convencer as pessoas a votar num partido que enaltece e defende a glória da Autonomia. Mas falamos de que Autonomia? Será Autonomia quando existe uma enorme dependência de fundos de financiamento externos para as grandes obras, para a criação de emprego e para manter viva a economia? Bastaria fechar a torneira de Bruxelas por uns meses para se ter noção da consistência da Autonomia açoriana. Manda quem paga, quem financia é quem governa. Sim, a região deve ter muito mais Autonomia, deveria até ter a soberania de um país. Mas como sabemos, já nem na zona Euro existe soberania nacional. A Autonomia, ou melhor, a verdadeira independência dos Açores só será conquistada com base na independência financeira. Só quando a região gerar a sua riqueza, e existir financeiramente sem depender de subsídios para viabilizar as exportações e a criação de emprego, poderemos realmente falar em Autonomia. Até lá, temos a Autonomia da criança, que decide se come pão com queijo ou com fiambre, mas são os pais que decidem que é pão com queijo ou com fiambre e não outra comida qualquer. O nosso compromisso é de participar e alertar para a urgência de tornar sustentável a economia açoriana.
DI - O impacto da redução militar norte-americana na Base das Lajes já se faz sentir na ilha Terceira. Qual considera dever ser a posição da República para mitigar estes efeitos?
PA - Por um lado, infelizmente a questão parece perdida. Quem vai ordenar ao Império que fique, se ele não quiser ficar? Quem vai negociar com Golias? Prometem-se mundos e fundos, e quando o inevitável acontece pelo menos fica-se bem na fotografia “Eu fiz tudo o que podia”. E é melhor que o façam, serviço público é isso mesmo. Mas esta questão põe a nu a fragilidade da economia da Terceira e dos Açores. O Império decide abandonar-nos, e assim ficamos a chorar para que voltem. Revela também a tendência de planear o desenvolvimento económico com vista apenas nas eleições seguintes. Não há plano de desenvolvimento a longo prazo ou uma clara visão de futuro. Nunca ninguém se lembrou que isto poderia acontecer? Existe muita preocupação com esta questão, mas e os milhares de desempregados que tem deixado a região nos últimos anos? Não será a emigração nos Açores de igual preocupação? E não será o endividamento das empresas açorianas um problema ainda maior? O que acontecerá quando terminarem as Revitalizações num mercado ainda em recessão? Mais uma vez, escolhe-se um tema de campanha fácil de modo a ganhar votos com a imagem do herói salvador. Contem connosco, sim, para as questões de fundo e para traçar um rumo de sustentabilidade financeira e ambiental.
PA - Por um lado, infelizmente a questão parece perdida. Quem vai ordenar ao Império que fique, se ele não quiser ficar? Quem vai negociar com Golias? Prometem-se mundos e fundos, e quando o inevitável acontece pelo menos fica-se bem na fotografia “Eu fiz tudo o que podia”. E é melhor que o façam, serviço público é isso mesmo. Mas esta questão põe a nu a fragilidade da economia da Terceira e dos Açores. O Império decide abandonar-nos, e assim ficamos a chorar para que voltem. Revela também a tendência de planear o desenvolvimento económico com vista apenas nas eleições seguintes. Não há plano de desenvolvimento a longo prazo ou uma clara visão de futuro. Nunca ninguém se lembrou que isto poderia acontecer? Existe muita preocupação com esta questão, mas e os milhares de desempregados que tem deixado a região nos últimos anos? Não será a emigração nos Açores de igual preocupação? E não será o endividamento das empresas açorianas um problema ainda maior? O que acontecerá quando terminarem as Revitalizações num mercado ainda em recessão? Mais uma vez, escolhe-se um tema de campanha fácil de modo a ganhar votos com a imagem do herói salvador. Contem connosco, sim, para as questões de fundo e para traçar um rumo de sustentabilidade financeira e ambiental.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
"RTP Açores – 40 anos de Açorianidade", por João Ricardo Vasconcelos
Quando hoje pensamos os Açores como região, é impossível não identificarmos o papel absolutamente central da RTP Açores. O canal público de televisão regional é a grande janela de tudo o que se faz e se passa na região, da actualidade política à cultura, do desporto à sociedade. A história açoriana das últimas décadas passou de facto pela RTP Açores, assumindo-se indiscutivelmente este canal como um dos grandes pilares da autonomia regional.
Do Atlântida ao Teledesporto, do Telejornal à Prova das 9, passando naturalmente pela cobertura dos mais diversos eventos e acontecimentos das ilhas, a programação da RTP Açores faz parte do referencial de qualquer açoriano. Como é possível esquecer os Xailes Negros, o Barco e o Sonho ou o Mau Tempo no Canal? E porque qualquer obra faz-se de rostos, de esforço e dedicação, importa nestes 40º aniversário fazer a devida vénia a todos os profissionais que fizeram e fazem da RTP um baluarte central da Açorianidade.
Como é sabido, é um canal que sofreu o embate da televisão por cabo e dos canais temáticos. O embate do tempo, no fundo. Teve as suas crises, os seus desafios. Teve de se adaptar. E na verdade, quem olha hoje para RTP, tem a sensação que o pior já passou. Uma nova geração tomou conta do canal, trazendo-lhe outra vivacidade, com uma grelha de programação renovada, bastante mais adaptada aos tempos que correm.
No entanto, apesar do evidente rejuvenescimento, ficamos sempre com a sensação que o futuro do serviço público de televisão na região é permanentemente incerto. A RTP Açores sofre das flutuações existentes na RTP a nível nacional, com as direcções a sucederem-se, as reformas/reestruturações/relançamentos a serem mais do que muitas.
Por não existirem dúvidas sobre o valor da RTP Açores (não existem, certo?), pelo menos quatro compromissos deviam ser assumidos transversalmente pelos mais diversos quadrantes políticos:
- A RTP Açores é um património inalienável da região. É um instrumental fundamental de coesão destas nove ilhas, sendo inquestionável o seu valor na promoção da identidade, da vivência e da cultura do arquipélago;
- Como qualquer serviço público, a RTP Açores necessita dos meios necessários à prossecução da sua actividade. Precisa de investimento, precisa de recursos físicos e humanos. Não podemos exigir um serviço público de qualidade, lado a lado com o permanente discurso da racionalidade, da optimização e do “mais com menos”.
- A RTP Açores não pode abrandar o ritmo de adaptação ao digital e às novas formas de consumo de conteúdos televisivos. Deve continuar a apostar na disponibilização dos seus conteúdos nas novas plataformas web.
- A RTP Açores necessita de permanentemente sintonizar-se com os Açorianos. Necessita de abrir as suas portas à sociedade civil, aos principais agentes da região (ex. Universidade, associações, empresas). Necessita de dar-lhes palco, de fazer com que sejam eles próprios co-produtores de conteúdos. Não na lógica do co-financimento ou da sustentabilidade, mas assumindo a abertura como uma necessidade permanente.
Os representantes açorianos na Assembleia da República, em natural articulação com as entidades regionais, deverão ser os primeiros defensores do serviço público de televisão e rádio na região. Não o relativizando, não deixando que seja menorizado. Porque estes 40 anos da RTP Açores são com certeza os primeiros de muitos.
Sinceros parabéns a todos os tornaram e continuam a tornar possível a RTP Açores.
João Ricardo Vasconcelos
Candidato do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores
www.ativismodesofa.net
sábado, 8 de agosto de 2015
"Reclamar a Soberania", por Pedro Alves

Reclamar a nossa soberania é sermos nós a criar a nossa riqueza e o nosso sustento. Como podemos criar emprego e até mesmo atingir o pleno emprego sem gerar riqueza? À conta do Estado? Criando empregos do nada às contas de dinheiro emprestado com juros inaceitáveis? Saqueando as empresas privadas com impostos e taxas? O Estado deve prover, mas não deve ser um pai divino. O Estado deve regular, mas jamais castrar. O povo deve criar a sua riqueza e o Estado deve ser responsável por criar as condições para que isso possa acontecer. Estrangulando o pequeno empreendedor com impostos e taxas e deveres fiscais, o Estado mata o Espírito Lutador de um povo. Mas como vai viver o Estado sem cobrar impostos? Longe vai o tempo dos Reis que eram mantido pelo esforço coletivo. O Estado não pode ser um rei anafado e ávido de luxos.
Aproxima-se o fim do capitalismo, talvez ainda dure mais 2 ou 3 décadas e morra de velhice e decrépito, mas o seu fim é inevitável. As provas são claras, é uma ideologia de elites, para servir os interesses apenas dos mais fortes. Num mundo solidário, a competição não pode ser a regra, a norma deverá ser a cooperação a todos os níveis, nas escolas, nas empresas, nas sociedades, em todas as esferas da vida Humana. Apenas nesse futuro risonho em que a cooperação e a solidariedade reinem na mente e na vida de cada um, poderemos dizer que atingimos a civilização. Até lá, seremos apenas uma barbárie tecnológica.
Pedro Alves
Cabeça-de-lista do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
"Diz que é uma espécie de solidariedade", por Florbela Carmo
Líbia, Síria, Sudão, Iémen, Eritreia, Nigéria, Somália, Quénia, Líbano
Calais, Lampedusa, Sicília, Ilhas Gregas, Malta
O drama humanitário dos migrantes, que se sujeitam a condições abaixo de sub-humanas numa tentativa de chegar à Europa, porque o cenário de fome, guerra e morte por que passam nos países de origem a isso os obriga, em vez de ser tratado como um problema de direitos humanos, está a ser tratado como um problema económico e de segurança interna.
O drama humanitário dos migrantes, que se sujeitam a condições abaixo de sub-humanas numa tentativa de chegar à Europa, porque o cenário de fome, guerra e morte por que passam nos países de origem a isso os obriga, em vez de ser tratado como um problema de direitos humanos, está a ser tratado como um problema económico e de segurança interna.
Em 2013, a operação Mare Nostrum, que foi montada apenas pela Itália, tinha um orçamento mensal de 9,2 milhões de euros para 4 helicópteros, três aviões de vigilância, dois navios-patrulha, duas corvetas, dois drones e um navio anfíbio.
A operação Triton, que envolve 17 país da UE, tem um orçamento mensal de 2,3 milhões de euros e um helicóptero, dois aviões e cinco navios-patrulha. Só no último fim-de-semana, a Itália resgatou 1.200 migrantes em 7 embarcações sobrelotadas. Desde o início do ano, já recenseou 90 mil e estima legalizar cerca de 200 mil até ao final do ano, e tem sido ao largo da Itália que todos os dias são interceptadas e resgatadas embarcações com centenas de migrantes. Enquanto isso, vemos a Hungria, o Reino Unido, a França, a Bulgária a fechar fronteiras, erguer muros, montar arame farpado, chamar os cães.
A falta de solidariedade da União Europeia, para com os países do Sul, viu-se na forma como foi e está a ser gerida a crise económica, e continua a ver-se na forma como (não) está a lidar com a crise humanitária dos migrantes. Este problema não se resolve com muros e arame farpado, pensando unicamente no próprio bem-estar e empurrando o problema para os outros. Fechar fronteiras e erguer muros apenas agrava o problema, porque o adia, pois estas pessoas rapidamente encontrarão outra forma de entrar, e porque preferem morrer na esperança de conseguir uma vida, a ter que regressar ao país de origem, onde a única coisa que os espera é a miséria ou a morte.
Tragédias como esta só se conseguem evitar quando a Europa perceber que o problema está a montante, nos países de origem, prestando apoio humanitário às populações que vivem em conflito e pobreza extrema.
A solução para que deixe de morrer gente no mediterrâneo pode estar, a curto prazo, na necessidade de abrir um corredor humanitário para acolher os refugiados, melhorando as políticas de asilo e de imigração, alargando os programas de recolocação e reintegração. A longo prazo, no reforço da ajuda humanitária nos países de onde fogem estas pessoas e no esforço alargado e concertado, entre a Europol e a Interpol, no combate ao tráfico humano, à corrupção e ao terrorismo.
O que tem vindo a acontecer no mediterrâneo é uma tragédia, mas é uma tragédia que pode ser resolvida. Haja vontade e solidariedade.
Florbela Carmo
Candidata do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores
As 6 grandes SATICEs…
Durante muitos anos, quando questionávamos sobre os preços elevados das passagens aéreas nos e para os Açores, habituamo-nos a ouvir que não havia alternativa. Assim acontecia porque os custos de operação eram efectivamente elevados. E a liberalização de rotas aéreas nos Açores era uma ideia que colocaria em causa a coesão regional, uma vez que apenas as rotas lucrativas seriam interessantes para os operadores privados. Subitamente, no espaço de dois ou três anos, tudo mudou. Uma espécie de flic flac à retaguarda permitiu que o Governo abrisse os olhos e constatasse outros caminhos possíveis. Passou a ser urgente abrir as rotas e todos os que recomendaram cautela a este respeito são mentes fechadas pouco preocupadas com o progresso da região.
2 - De Bestial a Besta
A SATA sempre foi assumida pelas autoridades regionais como um verdadeiro serviço público. Uma companhia de bandeira, prestadora de um serviço de qualidade que em nada ficaria atrás das grandes companhias de aviação. Os preços das passagens eram altos, mas a qualidade e a segurança não tinham preço. As opções estratégicas tomadas eram arriscadas, mas era necessário ambição para levar os Açores mais longe. No entanto, e de repente, tudo parece ter mudado. Os prejuízos da empresa começaram a vir a público, começou a ser clara a sua falta de competitividade e até os seus trabalhadores foram subitamente promovidos a privilegiados, tal era a quantidade de regalias que lhes assistia. A SATA passou de bestial a besta num estalar de dedos.
3 - Uma espécie de fábula da Olívia patroa e da Olívia costureira
Sendo o Governo Regional o único accionista da SATA, é particularmente interessante acompanhar o seu posicionamento ao longo do processo. Ora vemos o Governo “accionista” a defender a SATA e as suas opções estratégicas dos últimos anos, ora vemos o Governo “imparcial” a garantir que não se intromete nas opções da empresa, ora vemos o Governo “defensor dos açorianos” a dizer-se muito preocupado com as opções da empresa. Portanto, uma conveniente (e algo doentia) mudança de camisola ao sabor dos acontecimentos.
4 - O Governo da República é uma vergonha! Às terças e quintas…
O Governo Regional pode e deve ter uma posição sobre a abertura das rotas aéreas açorianas. Mas a competência última deste processo pertence ao Governo da República. Assim sendo, foi naturalmente necessário um bom entendimento entre os dois governos para que se chegar à solução agora em curso. Mas a julgar pela informação que chegou a público, o referido entendimento deve ter um mero pormenor que “interessa pouco”.
5 - Para quê envolver os verdadeiros especialistas?
Os trabalhadores de uma empresa são os primeiros interessados no seu futuro, mas também os maiores especialistas sobre a mesma. Conhecem-na por dentro, sabem os seus pontos fortes e são exímios em identificar os seus pontos fracos. No entanto, em todo este processo de abertura do espaço aéreo, parece que a sua opinião servia de pouco, uma vez que nunca ou quase nunca foram ouvidos. Pelo contrário, foram sabendo do futuro da empresa pela comunicação social.
6 - Está-se a destruir a empresa? Que SATICE…
Uma vez que o espaço aéreo foi aberto sem que a SATA fosse minimamente preparada para o efeito, é hoje consensual o risco que tal representa para a actividade da empresa. Tem subitamente de concorrer de igual para igual com low costs, cujo modelo de negócio é evidentemente diferente. E tem de fazê-lo no seguimento de acordos feitos com as referidas empresas que limitam a margem de actuação da transportadora aérea açoriana. Está-se a destruir uma empresa bandeira dos Açores? Que SATICE… Está-se a colocar-se em causa o trabalho de centenas de açorianos? Que SATICE…
João Ricardo Vasconcelos
Candidato do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores
Artigo publicado na terça-feira no Açoriano Oriental
terça-feira, 4 de agosto de 2015
"Que Futuro para a Sata?", por Tiago Franco
A Sata é uma das bandeiras dos Açores. Parece-me ser este um lugar comum. É um dos principais empregadores da região, elo de ligação entre as 9 ilhas, mecanismo fundamental para a redução do isolamento e, não menos importante, ponte de referência entre o arquipélago e a diáspora espalhada no norte do continente americano ou em Portugal continental.
Há 3 décadas que sou passageiro regular da Sata, gosto da companhia e reconheço a sua mais valia para a região. Contudo, sempre tive dificuldade em perceber algumas opções de gestão ou estratégia comercial. Ao contrário do que vou lendo por aí, nas linhas dos defensores da coligação e sua sede de privatizações, eu não acho que a gestão se divida em pública e privada. Para mim resume-se a boa ou má. Nada mais. Nunca percebi, por exemplo, como podia uma companhia que operava em regime de monopólio apresentar prejuízos?
A Sata, à escala mundial, é uma pequena companhia. Opera apenas 13 aviões, 6 deles de curto alcance e pequenas dimensões. Tem mais de 1200 funcionários (dados disponíveis no site da companhia) e, segundo escrevia o Diário Económico em Março de 2015, acumulou prejuízos de 20 milhões no último ano, fazendo a sua dívida subir para perto dos 200 milhões de euros. Não sendo um especialista em economia, parece-me que estamos num cenário preocupante. Poucos aviões, tarifas elevadíssimas e, ainda assim, um buraco financeiro assinalável. Difícil de compreender, diria.
Por outro lado, e não sendo esta a posição mais fácil de defender, eu também não acho que a manutenção do monopólio fosse a solução. Desde logo porque a abertura do mercado beneficia o consumidor, depois porque a redução de tarifas beneficia o turismo da região (as estatísticas de Maio e Junho são elucidativas) e por fim, porque o regime de concorrência obriga a Sata a ser competitiva e a reestruturar-se. Ganham desde logo os passageiros e, a meu ver, também a companhia no médio prazo.
Seria interessante se todos soubéssemos para onde eram canalizados os lucros na altura do regime de monopólio. Os sucessivos governos regionais de PSD e PS talvez pudessem dar uma ajuda na explicação, mas, na dúvida, aguardemos sentados. Também era bom que olhássemos com alguma atenção para as constantes avarias que vão acontecendo na operação deste verão, que obrigam passageiros a ficar em terra, em hotéis ou a viajar em aviões fretados a outras companhias. O relatório de contas de 2016 certamente terá esse reflexo. A Sata não pode deixar de ser uma companhia segura. A credibilidade começa aí.
Há solução para a Sata ser viável? Sim, claro que há. Mas é preciso não insistir no erro e, de uma vez por todas, acabar com os hábitos instalados. Os açorianos agradecem.
Tiago Franco
Candidato do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores
domingo, 2 de agosto de 2015
"Aquacultura nos Açores: o bom e o melhor", por José Azevedo
No dia em que o Governo anuncia um pacote de incentivos que visa cativar potenciais investidores para a aquacultura na região, registo como muito positiva a intenção de maximizar os respetivos benefícios económicos e sociais (esperando, por exemplo, o envolvimento do setor piscatório) e de salvaguardar eventuais impactos ambientais (nomeadamente evitando a introdução de espécies exóticas).
Para além destes aspetos gostaria que uma eventual implantação da aquacultura nos Açores salvaguardasse também questões mais globais de justiça social e de sustentabilidade ecológica.
Muitos projetos de aquacultura são implantados como franquias multinacionais, com base em conhecimento e equipamento importados. Vocacionados para a produção em grande escala, e com uma forte componente de importação dos fatores de produção, o seu benefício para as regiões de acolhimento traduz-se em pouco mais do que a criação de alguns postos de emprego pouco qualificado. A instalação destes projetos é atrativa porque permite executar as verbas disponíveis nos sistemas de incentivos e têm numa fase inicial um impacto económico apreciável. A médio prazo, porém, muitos encerram ou mantêm-se graças a intervenções públicas que drenam recursos que poderiam ser melhor utilizados noutros setores.
Gostaria por isso que os apoios governamentais ao desenvolvimento da aquacultura fossem dirigidos sobretudo a projetos endógenos, de pequena e média dimensão mas de alto valor acrescentado, que fixassem conhecimento na Região e aqui crescessem de forma orgânica e sustentada.
Na vertente ecológica deve ter-se em conta que, ao contrário da intuição popular, muitas instalações de aquacultura têm um impacto ambiental superior ao da pesca que é suposto substituirem. Basta ver, por exemplo, que um terço da biomassa pescada a nível mundial se destina à produção de rações para aquacultura de peixes. Por um lado, isto implica que a aquacultura aumenta o esforço de pesca, em vez de o diminuir. Ao mesmo tempo, a prática de alimentar peixes com peixes constitui um desperdício pouco justificável de recursos: para produzir um quilo de peixe é necessário utilizar 2 a 5 quilos de peixe selvagem. É como vender carne de cães alimentados a frango: para que uma pessoa coma uma refeição de cão, várias outras ficam privadas de comer frango.
Na avaliação dos projetos de aquacultura a implementar nos Açores gostaria por isso que fossem tidos em conta critérios ecológicos de âmbito global, de modo a aliar o benefício para a Região a uma contribuição para a sustentabilidade planetária.
Candidato do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores
sábado, 1 de agosto de 2015
"As Eleições do Medo e da Mentira", por Pedro Alves
Dizem-nos que não temos escolha, que já não há alternativas. Algures no passado, todos nós enquanto nação cometemos um pecado capital. Pecado esse que agora nos condena a crise sem fim, e a austeridade punidora e autoritária. Somos criaturas desregradas e selvagens que merecem ser regidas a mão de ferro, sem direito a protesto. O pior tipo de aprisionamento e opressão é aquele em que a pessoa já nem se dá conta de que existe alternativa e de que está realmente prisioneiro. A nossa prisão não tem paredes nem grades, mas tem austeridade e impossibilidade financeira. Tem falta de esperança, e apesar de pintarem uma cenoura à frente do burro, ela só serve para manter a besta em andamento.
O discurso do medo e da desgraça é sempre quem vence as eleições. É duro constatar esta realidade. Os debates políticos, os comentários, as opiniões sobre a realidade política do país tem sempre inerente a lógica do medo e do susto. “Aí de ti se não votas em nós”. “Se votares PSD/CDS ou PS vai tudo bem, mas aí de ti que votes noutro qualquer partido radical ou extremista que nos vai levar para a ruína”. “Olha para os gregos, desgraçados por um governo radical”. A manipulação pode ser subtil, mas está lá, e na verdade uma vez que se começa a entender a psicologia usada para manipular a opinião pública, torna-se impossível tolerar o discurso. Sim, o exemplo Grego não é inspirador. Mas será mais radical o Syriza que pretende dar uma vida mais digna ao povo grego, ou o governo alemão e outros membros do Eurogrupo que não permitem qualquer alternativa às suas ideias, mesmo quando elas deram provas de serem cruéis e estarem a destruir um país?
Infelizmente no fim, vence o medo, o pânico da desgraça. É o instinto primitivo de sobrevivência que vota e que elege o governo. É a tática do eterno inimigo. Há sempre um papão assustador para nos devorar, mas felizmente existem os salvadores que nos irão proteger e nutrir se apenas votarmos neles. Claro que na realidade os que se apregoam de salvadores são eles próprios o papão. De dia vestem-se de nobres e honrados e pela calada quando ninguém olha, vestem a máscara e saem à rua pilhando e semeando o medo. O poder já não é instituído por um deus, rei ou pelo poderio militar. Hoje, o poder é instituído pelos grupos financeiros que imprimem as notas das quais todos dependemos. É um jogo de monopólio viciado onde só podemos perder.
Acredito que a luta começa na mente de cada um de nós, onde nos devemos libertar do medo e das mentiras que nos querem fazer crer. Cada um de nós que se ergue em coragem para construir um país de justiça e de verdade é mais um que vota em sensatez corajosa. O medo e a desinformação podem ser as estratégias de quem quer governar em segredo e em mentira, mostrando uma folha azul dizendo a todos que é amarela. Vão dizer aos desempregados de longo termo e aos emigrantes que o país está melhor. Sim, o país está melhor, mas não para o coletivo, o país está melhor para o grande capital que consolida os lucros e a sua hegemonia.
A mudança está nas nossas mãos, quanto mais vamos sofrer, quanto mais vamos deixar que nos castiguem por algo que não fizemos? Sensatez corajosa é buscar a verdade e seguir os factos onde eles nos possam levar. Viver em negação de nada nos ajuda. Encarar a realidade é perceber que sistematicamente elegemos governos cujo único propósito é servir o grande capital, os atos assim o demonstram (o governo endivida o país para resgatar bancos privados que foram à bancarrota por corrupção e outras jogadas sem qualquer ética).
Palavras são vãs, mas os atos falam por si. O que dirão de nós como povo os nossos atos e escolhas nas próximas eleições de Outubro?
Pedro Alves
Cabeça-de-lista pelo LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores
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