quarta-feira, 19 de agosto de 2015

"Encontrar a Minha Voz... E Nela a Voz de Muitos Outros", por Alexandra Ávila Trindade

Assumir-me enquanto cidadã comprometida com um movimento político não é para mim tarefa fácil. Cresci num ambiente naturalmente político, considerando aquele que é para mim o verdadeiro sentido da palavra, a reflexão e discussão dos assuntos públicos.

Desde muito jovens que os meus pais se assumiram como pessoas de pensamento crítico e progressista e sem receio de fazerem ouvir as suas vozes dissidentes e de contrapoder. Mais tarde, cada um na sua profissão e em casa connosco, continuaram a preconizar os seus princípios humanistas, de respeito pelo próximo, pela diferença e de luta contra as injustiças e contra as desigualdades que tiram a tanta gente a possibilidade de sequer sonhar com um futuro melhor.

A minha mãe, que começou a sua carreira de professora como missionária em Angola, fez da profissão a sua missão e escolheu sempre as realidades que aos nossos olhos eram as mais difíceis e aos olhos dela as que lhe davam as maiores alegrias. Ergueu sempre bem alto a sua voz em defesa daqueles que considerava grandes seres humanos e que eram deliberadamente esquecidos por todos e só considerados em época de eleições. Fez sua a luta daqueles que não sabiam ou tinham desistido de lutar. O meu pai ensinou-me a importância da isenção, quando se quer tratar com rigor questões que ao domínio público dizem respeito. Essa sua prática quase exagerada (aos meus olhos) da isenção jornalística e o seu sentido de ética profissional trouxeram-lhe muitas vezes momentos amargos, por trazer à luz da notícia e das reportagens questões sociais motivadas por falta de responsabilidade política que os governantes queriam que se mantivessem na obscuridade. Mas ser rigoroso é isso mesmo, é nunca temer a verdade, por mais que ela incomode quem quer que seja.

Pode parecer demasiado egocêntrica esta nota autobiográfica, mas este artigo constitui para mim uma espécie de catarse. Dando a conhecer as minhas motivações, compreendo melhor as minhas escolhas e deixo ao critério de quem me lê a seriedade da minha opção política. Sempre funcionei melhor ao nível da racionalidade emocional. Razão e emoção têm de caminhar lado a lado. Se assim não for, perde-se a humanidade. E foi este sentido humanista que encontrei na candidatura Livre/Tempo de Avançar. Foi com toda a certeza esta a razão maior que me fez dar este passo e assumir-me como cidadã que se quer envolver politicamente com o seu país. Finalmente um movimento cidadão que sente o pulsar das pessoas e que faz delas o seu motor. Finalmente uma discussão de realidades e de objectivos de ação livres de uma máquina partidária que põe os seus interesses à frente do interesse público.

Estou disposta a comprometer-me, estou disposta a encontrar na minha voz a voz de muitos outros e de a levantar bem alto por todos... até porque quero um país em muitas coisas bem diferente para os meus filhos.

Alexandra Ávila Trindade
Candidata do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores