terça-feira, 18 de agosto de 2015

"Que tipo de turismo queremos?", por Tiago Franco

O turismo sempre foi um dos temas quentes da realidade açoriana. É, na minha opinião, uma das grandes alavancas económicas da região e com potencial para assumir um papel ainda mais importante. A discussão em torno do tema “que tipo de turismo queremos?” é pertinente e as escolhas feitas agora podem alterar consideravelmente as ilhas como hoje as conhecemos.

A Região Autónoma dos Açores é uma das regiões mais pobres do país e com uma elevada taxa de desemprego. Este ano, à boleia das novas ligações aéreas, o fluxo de turistas aumentou consideravelmente, a taxa de ocupação nos hotéis também e em consequência disso gerou-se mais emprego, como mostram as estatísticas referentes a junho de 2015. Resta pois saber (teremos esses dados na época baixa) se este é um emprego temporário, como acontece noutras zonas turísticas do país (Algarve e Madeira), ou se estamos perante um crescimento real e sustentado. 

Os Açores estão entre os melhores destinos de natureza do mundo. Visto e reconhecido por vários organismos/media da especialidade. Significa isto que a região oferece a quem a visita as suas raízes, o que já lá estava antes de qualquer massificação humana. Este é o tipo de turismo que interessa e que faz sentido. É essa a minha convicção. Podemos ver a destruição causada pelo turismo de massas noutras zonas do país onde as selvas urbanas se apoderaram das zonas costeiras.

Passa por aqui a primeira escolha num momento em que os turistas começam a chegar em grande número. Não devemos ceder à tentação de alterar a paisagem e deixar o cimento vencer a troco de camas de hotéis. Há um equilíbrio que se pode e deve atingir. Por outro lado, o turismo representa também uma oportunidade para o empreendedorismo dos locais. Entre dormidas, gastronomia local e dicas de quem lá vive, deve ser este turismo de proximidade que se deve procurar e não as grandes e impessoais cadeias hoteleiras, desfasadas da realidade local.

Outro detalhe que convém não esquecer, apesar de todos sabermos que metade da população se concentra em são Miguel, é que a região tem nove ilhas. Não oferecem todas o mesmo, não terão todas o mesmo interesse para quem visita os Açores, mas todos devemos fazer o possível para que as pessoas tenham pelo menos a possibilidade de pensar se as querem visitar ou não. Uma das formas é garantir que as campanhas de turismo não se limitam a apresentar uma ou duas ilhas, outra, igualmente importante, é divulgar os reencaminhamentos grátis de forma mais eficaz, coisa que neste momento não acontece.

Estamos perante uma oportunidade de ouro para a região. Devemos manter o caminho de oferecer as belezas naturais, procurar qualidade e não quantidade, crescer de forma sustentada e tentar que este benefício económico seja aproveitado por um maior número de ilhas.

Tiago Franco
Candidato do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores