Líbia, Síria, Sudão, Iémen, Eritreia, Nigéria, Somália, Quénia, Líbano
Calais, Lampedusa, Sicília, Ilhas Gregas, Malta
O drama humanitário dos migrantes, que se sujeitam a condições abaixo de sub-humanas numa tentativa de chegar à Europa, porque o cenário de fome, guerra e morte por que passam nos países de origem a isso os obriga, em vez de ser tratado como um problema de direitos humanos, está a ser tratado como um problema económico e de segurança interna.
O drama humanitário dos migrantes, que se sujeitam a condições abaixo de sub-humanas numa tentativa de chegar à Europa, porque o cenário de fome, guerra e morte por que passam nos países de origem a isso os obriga, em vez de ser tratado como um problema de direitos humanos, está a ser tratado como um problema económico e de segurança interna.
Em 2013, a operação Mare Nostrum, que foi montada apenas pela Itália, tinha um orçamento mensal de 9,2 milhões de euros para 4 helicópteros, três aviões de vigilância, dois navios-patrulha, duas corvetas, dois drones e um navio anfíbio.
A operação Triton, que envolve 17 país da UE, tem um orçamento mensal de 2,3 milhões de euros e um helicóptero, dois aviões e cinco navios-patrulha. Só no último fim-de-semana, a Itália resgatou 1.200 migrantes em 7 embarcações sobrelotadas. Desde o início do ano, já recenseou 90 mil e estima legalizar cerca de 200 mil até ao final do ano, e tem sido ao largo da Itália que todos os dias são interceptadas e resgatadas embarcações com centenas de migrantes. Enquanto isso, vemos a Hungria, o Reino Unido, a França, a Bulgária a fechar fronteiras, erguer muros, montar arame farpado, chamar os cães.
A falta de solidariedade da União Europeia, para com os países do Sul, viu-se na forma como foi e está a ser gerida a crise económica, e continua a ver-se na forma como (não) está a lidar com a crise humanitária dos migrantes. Este problema não se resolve com muros e arame farpado, pensando unicamente no próprio bem-estar e empurrando o problema para os outros. Fechar fronteiras e erguer muros apenas agrava o problema, porque o adia, pois estas pessoas rapidamente encontrarão outra forma de entrar, e porque preferem morrer na esperança de conseguir uma vida, a ter que regressar ao país de origem, onde a única coisa que os espera é a miséria ou a morte.
Tragédias como esta só se conseguem evitar quando a Europa perceber que o problema está a montante, nos países de origem, prestando apoio humanitário às populações que vivem em conflito e pobreza extrema.
A solução para que deixe de morrer gente no mediterrâneo pode estar, a curto prazo, na necessidade de abrir um corredor humanitário para acolher os refugiados, melhorando as políticas de asilo e de imigração, alargando os programas de recolocação e reintegração. A longo prazo, no reforço da ajuda humanitária nos países de onde fogem estas pessoas e no esforço alargado e concertado, entre a Europol e a Interpol, no combate ao tráfico humano, à corrupção e ao terrorismo.
O que tem vindo a acontecer no mediterrâneo é uma tragédia, mas é uma tragédia que pode ser resolvida. Haja vontade e solidariedade.
Florbela Carmo
Candidata do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR pelos Açores